sábado, 14 de janeiro de 2012

2 DOMINGO DO TEMPO COMUM - REPENSAR NOSSA VOCAÇÃO


Segundo Domingo do tempo Comum dia 15-01-2012
Liturgia homilética


Não é fácil, irmãos! Por estar num caminho de vocação, sendo sacerdote no ano de 2012, não somos melhores nem mais fortes que ninguém… Sentimos em nós pensamentos, afetos e desejos contraditórios… Mas, sabemos que Cristo nos chamou, nos amou e por nós entregou a vida. Então, que digamos como Pedro: “Senhor, a quem iremos? Tens palavra de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,69).

Querido Amigos de caminhada, depois de tantas festas, natal, apresentação do Senhor..., Neste segundo domingo estamos iniciando de fato o Tempo Comum. Terminou ontem a primeira semana deste tempo “verde”, entramos hoje no Segundo Domingo chamado Comum: comum de buscar nossa vocação de estar perto do Senhor, ficar com ele e fazer nossa experiência de fé melhor que o ano anterior.
As leituras apresentada neste dia nos comunica nosso Deus que chama, que entra na nossa vida e nos dirige o seu apelo. Foi assim com Samuel que, novinho, sequer sabia reconhecer a voz do Senhor; e depois de mais mil anos foi assim com os primeiros discípulos, traspassados pela palavra do Batista que, apresentando o Cordeiro de Deus, quase que forçava aqueles dois, André e Tiago, a seguirem Jesus. E lá vão eles: “Rabi, onde moras? Onde tens tua vida?” E Jesus os convida: “Vinde e vereis! Somente se tiverdes a coragem de virdes comigo, de comigo permanecerdes, podereis ver de verdade!”. E hoje depois de Dois mil anos repete o mesmo chamado. Não é impressionante, quase que inacreditável, caríssimos, que Deus nos conheça pelo nome, que o Senhor nos chame e nos queira parceiros seus no caminho da vida? E, no entanto, é assim! Também nós somos conhecidos pelo nome, nossos passos, nosso coração, nossa vida são conhecidos pelo Senhor… E ele nos chama com amor. A nós, que estamos procurando a felicidade e a realização na vida, o Senhor também dirige a pergunta: “O que estais procurando?” Vinde, meus amigos, fiquemos com o Senhor e encontraremos aquilo que nosso coração procura, aquilo que faz a vida valer a pena.

Mas, esse “estar com o Senhor”, esse “permanecer com ele”, parece um céu, que é o início da própria vida eterna já neste mundo, não pode se dar sem que realmente sejamos de Cristo, com todo o nosso ser, corpo e alma. Aqui aparece com toda clareza a urgência e atualidade da advertência de São Paulo, feita aos coríntios e a nós. Corinto era uma cidade particularmente devassa do Império Romano. E, como hoje, os cristãos eram tentados a “corintiar”, a entrarem na onda, achando tudo normal, moderno e compatível com a fé. O Apóstolo, em nome de Cristo, desmascara essa ilusão, tão comum entre os cristãos de hoje. Ouçamo-lo! É incômodo, é chato, mas é a Palavra de Deus, que nos ilumina, liberta e nos salva… Ouçamo-la! 

Depois de rever esta leitura vocês podem pensar nossa como esta liturgia de hoje é moralista, talvez seja sim, mas é assim que tem que ser, alguns de vocês pensem como os judeus pensaram ao término do Discurso sobre o Pão da Vida: “Essa palavra é dura! Quem pode escutá-la?” (Jo 6,60). Pois bem, a nós, com doçura e também com firmeza o Senhor diz: “Isto vos escandaliza? Quereis também vós ir embora?” (Jo 6,61.67). 

Por fim irmãos, dizer na vida como Samuel disse: “Eis-me aqui”; é isto atender ao convite do Senhor: “Vinde e vereis”; é isto, finalmente, “ir ver onde ele mora e permanecer com ele”.  Que ele nos dê também a nós a sua graça! Amém.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Solenidade da Epifania do Senhor
Belém, Belém para nunca mais o mau.

A Festa do Bem e da fé

A Igreja celebra hoje a manifestação de Jesus ao mundo inteiro. Epifania significa “manifestação”; e os Magos representam os povos de todas as línguas e nações que se põem a caminho, chamados por Deus, para adorar Jesus.
Na Vinda dos Magos a Belém, Jesus inicia a reunião de todos os povos (Ev. Mt 2, 1-12).
O Profeta Isaías (Is 60, 1-6) descreve a glória de Jerusalém para quem se levanta uma grande luz. Esta luz é Cristo, o Messias Salvador. Ele será luz para Jerusalém e para a nova Jerusalém, a Igreja e toda a humanidade.
A festa da Epifania incita todos os fiéis a partilharem dos anseios e fadigas da Igreja que “ora e trabalha ao mesmo tempo, para que a totalidade do mundo se incorpore ao Povo de Deus, Corpo do Senhor e Templo do Espírito Santo” (LG. 17). Aqui temos o plano de Deus de fazer toda a humanidade participante da salvação em Cristo! Esta é a boa-nova, o Evangelho. Por isso, devemos hoje dar graças a Deus por nossa vocação cristã.
Para que isso aconteça é preciso que trilhemos o caminho dos Magos. Qual será este caminho? Primeiramente é preciso estarmos atentos aos sinais de Deus e termos o desejo de adorá-Lo.
“Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo” (Mt 2,2). Em segundo lugar, é preciso procurá-Lo, onde Ele se encontra! Depois, é preciso partir sempre de novo, recomeçar, sair à procura! Então, a estrela há de aparecer e pousar sobre o lugar onde se encontra o Menino. Serão momentos de grande alegria!
Quem encontra Jesus Cristo muda de caminho. Toma outro caminho. Um caminho novo, o caminho de
Jesus Cristo que se apresenta como o Caminho (Jo 14,6).
Importa seguir a estrela que pousará onde está Jesus Cristo. Precisamos estar atentos à estrela! A estrela são todos os sinais de Deus para que encontremos o Messias Salvador. A Palavra de Deus, os Sacramentos, o Magistério da Igreja, uma palavra do sacerdote ou de pessoas amigas, os acontecimentos da vida. Devemos estar atentos para perceber a presença da estrela. E mais: somos chamados a sermos estrelas, que vão indicando o caminho ao próximo para que ele encontre o Messias Salvador. Há muitas maneiras de sermos estas estrelas, dando testemunho de Jesus Cristo. Isso na família, na Igreja e na sociedade.
Cada pessoa humana necessita de estrelas que iluminem o seu caminho para o bem, para Deus.
Os Magos, ao chegarem a Belém, ajoelharam-se diante do Menino e O adoraram. Abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes… Não voltaram a Herodes, retornaram por outro caminho (Mt. 2, 11-12).
O encontrar Deus no menino transforma a vida das pessoas (um chamado à conversão). Já não podem voltar a Herodes (mal). Voltarão por outro caminho à sua região (Vida nova!).
Os Magos ofereceram ouro, incenso e mirra. O ouro quer expressar o reconhecimento do poder régio de Jesus; o incenso, a confissão de sua divindade e a mirra, o testemunho de que Ele se fizera homem para a redenção do mundo.
A Epifania é a festa da fé e do apostolado da fé. “Participam desta festa tanto os que já chegaram à fé como os que se põem a caminho para alcançá-la. Participa desta festa a Igreja, que cada ano se torna mais consciente da amplitude da sua missão. A quantos homens é necessário levar ainda a fé! Quantos homens é preciso reconquistar para a fé que perderam, numa tarefa que é às vezes mais difícil do que a primeira conversão! No entanto, a Igreja, consciente desse grande dom, o dom da Encarnação de Deus, não pode deter-se, não pode parar nunca. Deve procurar continuamente o acesso a Belém para todos os homens e para todas as épocas. A Epifania é a festa do desafio de Deus” (Beato João Paulo II, Homilia 6/1/1979).
Sejamos fiéis à nossa vocação cristã! Todo cristão autêntico está sempre a caminho no próprio e pessoal itinerário de fé e, ao mesmo tempo, com a pequena luz que traz dentro de si, pode e deve servir de ajuda para quem se encontra ao seu lado e, talvez, sente dificuldade de encontrar a estrada que conduz a Cristo.

Epifania do Senhor - Manifesta Senhor o teu poder


Solenidade da Epifania do Senhor

Hoje em dia temos sentido na pele o peso do mal, tem-se falado muito sobre o mal no mundo contra partida são muitos que plantam o bem ( Pe. Julio Lancelltte) semeiam o bem no mundo, afirmamos sempre que o Senhor quer salvar o mundo. E perguntamos por que Deus ainda permite o mal no mundo, por que há no mundo em que vivemos  tanto mal!… já que afirmamos que o bem é mais forte, a praxe que existe um sentimento de que os fazem o mal sempre não há penalidade. Vejamos o rosto do mal:
Como é possível não deixar nascerem as crianças, matando-as no seio materno com o crime do aborto?!
Como é possível crianças morrendo nas cracolandia. Como é possível que o futuro risonho dos jovens seja destruído pela droga que arruína também as suas famílias?! Vimos pessoas lutares pela vida, da baleia, da Arara azul, do golfinho e não se sensibilizam e criam condição de vida.
Como é possível haver monstros a roubarem a inocência das crianças que tinham direito a viver sonhos de candura, pureza, encanto?!

Como é possível vermos mães a serem maltratadas por aqueles com quem geraram os filhos?!
Como é possível encontrarmos idosos abandonados, após uma vida de árduo trabalho em favor de quem agora os despreza?!
Como é possível sabermos que há doentes a sofrer sem haver um cireneu ou uma verónica a ajudá-los a levar a Cruz?!
Como é possível acordarmos todos os dias com notícias de guerras, atentados, violência que causam a dor, o desespero, a morte de milhões de pessoas inocentes?!
Como é possível pôr fim à vida pelos acidentes criminosos, pelo homicídio, pelo suicídio, pela eutanásia?!
Como é possível dentro da Igreja ter homens e mulheres que cruzam os braços e não lutam para erradicar mal dentro da Igreja.
Vejamos o rosto pintado do bem no mundo
E nunca como neste terceiro milénio a humanidade podia ser feliz…
Há modernos cuidados de saúde com óptimos profissionais!
Há conforto em toda a parte!
Há boas vias para as pessoas se deslocarem!
Há meios de comunicação que mantêm as pessoas unidas e informadas!
Foi Deus quem deu ao homem sabedoria para descobrir tudo isto em favor do progresso e bem-estar dos povos do mundo inteiro.
Deus criou o mundo tão belo para nós!
Deus ama-nos tanto que enviou o Seu Filho ao mundo para o salvar, como já o Profeta Isaías O anunciara na primeira leitura.
O Senhor quer salvar o mundo
Bispos, Sacerdotes e Leigos, em união com o Santo Padre, façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para erradicarmos o mal, apresentando a Lei de Deus para a salvação do mundo. Interpelemos os Responsáveis pelas outras religiões para que, sem fanatismos, se juntem a nós nesta missão. Façamos ver aos Governantes a responsabilidade que têm no combate às injustiças sociais para que todos vejam respeitados os seus direitos.
Como os Magos (Evangelho) vamos ao encontro do Senhor, oferecendo-Lhe o nosso coração. Ele preparou para nós uma eternidade feliz. Mas, para a alcançarmos, temos de amá-l’O como Ele nos ama. Temos de amá-l’O nos irmãos.
São Paulo (segunda leitura) é exemplo para todos no amor a Cristo e ao próximo.
A Mãe de Jesus e nossa Mãe está connosco a abençoar- nos.
Não percamos a esperança. O mundo voltará a ser bom. Tão bom que apenas o trocaremos um dia pelo Céu!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Manifesto dos cristãos indignados


Manifesto dos cristãos indignados

Diante de uma crise financeira, econômica, ecológica, política, moral e espiritual – a crise de uma humanidade que perdeu o seu caminho, tendo esquecido “as razões” do viver – desejamos ver os cristãos se mobilizarem sobre esses temas e se tornarem uma força generosa de mudança social.

Assim afirma um grupo de cristãos franceses, que, neste manifesto, pedem a mobilização dos cristãos como força de mudança social. O texto foi publicado no sítio Chretiensindignonsnous.org, em novembro de 2011. A tradução é deMoisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Vindo de horizontes diversos, de idades, situações familiares e profissionais muito variadas, temos em comum a nossa fé, a nossa pertença à Igreja Católica e as nossas convicções sociais e políticas. Profundamente interpelados pela crise que a nossa época atravessa, nos interrogamos sobre as nossas responsabilidades e sobre as do nosso ambiente cristão.

O nosso primeiro ato de engajamento consiste em tomar a palavra.

Associamos a nossa voz à de todos aqueles que denunciam há muito tempo o sistema econômico neoliberal que rege economias e sociedades há cerca de 30 anos. Discípulos de Cristo, não temos medo de expressar a nossa revolta contra uma ordem profundamente antievangélica, cujas consequências desastrosas não podem mais ser contestadas. Por isso:

Como católicos alimentados há mais de um século por uma doutrina social generosa, ambiciosa e crível, ainda podemos defender um sistema econômico que ignora, despreza ou nega os valores humanos essenciais: a proteção dos mais fracos, a solidariedade, as relações desinteressadas, o dom gratuito, o sentido da renúncia, a dedicação à coletividade? Todos esses valores não estão no centro da exigência evangélica?

Destinatários de uma Criação extraordinariamente fecunda, da qual somos considerados e designados pelo nosso Deus como administradores prudentes, podemos deixar que prossigam os ataques irreversíveis aos quais ela é objeto, sem protestar com indignação e sem nos mostrarmos como exemplo por meio de um comportamento impecável?

Herdeiros de um humanismo bimilenar que enraíza toda a nossa tradição social e política em uma concepção muito elevada da pessoa humana, podemos ignorar por mais tempo que o materialismo assumido e agressivo, sob cujo regime vivemos, reflete uma imagem deformada e brutalizada da nossa humanidade?

O pertencimento a Cristo é uma força total que não deixa de lado nenhum dos aspectos da vida dos seres humanos. Existe um vasto campo de transformação social amplamente ignorado pelos cristãos, que muitas vezes ignoram que o que está em jogo em termos políticos atualmente vai muito além das necessárias questões éticas (defesa da vida...). Ousaremos reconhecer que a constatação das flagrantes injustiças que afetam as populações frágeis da nossa terra e as transgressões contra o ser humano e a natureza das quais somos testemunhas todos os dias são um apelo a transformar as próprias estruturas das nossas sociedades, e não simplesmente a corrigir seus efeitos desastrosos?

O paradigma liberal não somente não funciona, mas é indigno do ser humano. É nossa responsabilidade como cristãos afirmar isso e propor um outro modelo conforme às exigências do Evangelho.
Membros do grupo, consideramo-nos como os primeiros destinatários deste apelo, porque o sentimento de urgência que nos aferra se choca sobretudo com os limites e com as contradições das nossas próprias existência e com a modéstia dos nossos meios. Simplesmente, desejamos ver os cristãos se mobilizarem sobre esses temas e se tornarem uma força generosa de mudança social.
O que podemos fazer?

1. Sobretudo, converter o nosso olhar sobre o mundo que nos rodeia. Devemos fazer a constatação de que não podemos mais continuar vivendo como fazemos, nem ignorar que o paradigma liberal sobre o qual as nossas vidas são construídas não é duradouro e leva a humanidade à sua ruína. Devemos compreender que tudo está conectado e que não há uma única crise: ela é ao mesmo tempo financeira, econômica, ecológica, política, moral e espiritual. É a crise de uma humanidade que perdeu o seu caminho e simplesmente comprometeu as suas chances de sobrevivência, tendo esquecido “as razões” do viver.

2. Uma vez iniciada essa conversão, é preciso que mudemos o nosso estilo de vida cotidiana, vivendo pessoalmente e promovendo em torno a nós uma ecologia completa e plenamente humana. Pensamos, com efeito, que refundar as nossas sociedades passa sobretudo pela adoção de um modo de vida simples e respeitoso ao nosso ambiente social e natural. Mudar de vida significa renunciar com firmeza às lógicas de "crescimento", de monopólio e de consumo sem discernimento que caracterizam o modo de vida ocidental e optar, em nome do ideal de vida cristão, por levar uma existência sóbria e alegre centrada no essencial.

É assim que nós, membros deste grupo, iniciamos na nossa vida pessoal e familiar essa mudança necessária. E é sem arrogância, mas determinados a fazer refletir e a mobilizar o nosso entorno, que propomos o nosso testemunho. Em anexo a este documento, sob o título Aux côtés du Christ, en route vers une sobriété joyeuse (Ao lado de Cristo, em caminho para uma sobriedade alegre), cada um dos membros do grupo aceitou resumir o que mudou em sua vida  e por que o fez. Esses testemunhos se dirigem a todos aqueles que se perguntam o que fazer. Compartilhando esses aspectos renovadores das nossas vidas cotidianas, afirmamos que o que está em jogo espiritualmente nas nossas existências não pode ser separado do que está em jogo social e coletivamente: ser cristão significa viver diferentemente. E, para além do que está em jogo em termos pessoais e familiares, mudar as nossas vidas agora já é tornar possível a coexistência fraterna dos povos desta terra, tarefa à qual nós, cristãos, devemos participar corajosamente, lutando contra o que a ameaça e defendendo o que a torna possível.

3. Por fim, em uma escala maior, devemos participar ativamente da promoção de tudo o que, ao nosso redor, orienta os seres humanos a um futuro novo! Digamo-lo diretamente: empresas à medida do ser humano preocupadas com o seu enraizamento na sociedade; trocas econômicas livres, mas subordinadas a regras de solidariedade imperativas e desimpedidas dos artifícios das finanças desmaterializadas; um modo de vida sóbrio, próximo da natureza, dos seus ritmos e dos limites que ela nos impõe e que, sem ter medo de nos repetir, volta definitivamente as costas ao modelo consumista; todas as iniciativas políticas que tendam a fazer viver uma concepção nova do bem comum, entendido em uma acepção universal, capaz de abraçar o destino dos povos próximos ou distantes que sofrerão, direta ou indiretamente, as escolhas que fazemos para nós mesmos etc.
Igreja Católica, há anos, nos envia mensagens cada vez mais urgentes que são todas apelos a nos engajar. Citamos:
  • Conferência dos Bispos da França em um documento (Grandir dans la crise), escreve no início de 2011: "A economia liberal desregulada nos oferece como único horizonte o consumo de cada vez mais bens materiais. O vazio e o perigo de tal projeto de sociedade são evidentes: esgota o planeta, reduz o ser humano a um papel de produtor/consumidor e mina a confiança indispensável a toda vida comum. (...) Quando a nossa felicidade depende unicamente dos bens que possuímos, então os pobres e os migrantes se tornam ameaças, e as medidas de segurança suplantam as medidas de solidariedade".
  • O próprio Bento XVI, por exemplo, na sua mensagem pela Paz do dia 1º de janeiro de 2010 (Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação): "É decisão sensata realizar uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento (...). Exige-o o estado de saúde ecológica da terra; reclama-o também e sobretudo a crise cultural e moral do homem, cujos sintomas há muito tempo que se manifestam por toda a parte. (…) As situações de crise que está atravessando (…) obrigam a projetar de novo a estrada comum dos homens. Impõem, de maneira particular, um modo de viver marcado pela sobriedade e solidariedade, com novas regras e formas de compromisso, apostando com confiança e coragem nas experiências positivas realizadas e rejeitando decididamente as negativas".
Assim, poderemos escancarar as nossas janelas para o mundo com confiança e generosidade, ouvir o apelo à justiça que ressoa de um lado ao outro da nossa terra e deixar agir em nós que o Espírito do dom que espera o nosso engajamento para se manifestar.

domingo, 1 de janeiro de 2012

TEOTOCOS

FESTA DA MÃE DE DEUS


No oitavo dia de Natal, a Igreja celebra a Solenidade de Maria, Mãe de Deus. É o dia 1º de janeiro, abertura de um ano civil e celebra-se também o DIA MUNDIAL DA PAZ.
A piedade cristã plasmou de mil formas diferentes a festa da Mãe de Deus que celebramos hoje! Um exemplo disso é que inúmeras são as imagens de Maria com o Menino nos braços. A Maternidade de Maria é o fato central que ilumina toda a vida da Virgem e é o fundamento dos outros privilégios com que Deus quis adorná-la.
Maria é a Senhora, cheia de graça e de virtudes, concebida sem pecado, que é Mãe de Deus e Mãe nossa, e está nos céus em corpo e alma. A Bíblia fala-nos dela como a mais excelsa de todas as criaturas, a bendita, a mais louvada entre as mulheres, a cheia de graça (Lc 1,28), Aquela que todas as gerações chamarão bem-aventurada (Lc 1,48).
A Igreja ensina-nos que Maria ocupa, depois de Cristo, o lugar mais alto e o mais próximo de nós, em função da sua maternidade divina. Diz o Concilio Vaticano II, na Lumen Gentium, 63: “Ela, pela graça de Deus, depois do seu Filho, foi exaltada sobre todos os anjos e todos os homens.”
Ensina S. Paulo: “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei…” (Gl 4,4). Jesus não apareceu de repente na terra vindo do céu, mas fez-se realmente homem, como nós, tomando a nossa natureza humana nas entranhas puríssimas da Virgem Maria. Enquanto Deus, é eternamente gerado, não feito, por Deus Pai. Enquanto homem, nasceu, “foi feito”, de Santa Maria. “Muito me admira –diz por isso São Cirilo- que haja alguém que tenha alguma dúvida de que a Santíssima Virgem deve ser chamada Mãe de Deus. Se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que a Santíssima Virgem, que o deu à luz, não há de ser chamada Mãe de Deus? Esta é a fé que os discípulos do Senhor nos transmitiram, ainda que não tenham empregado essa expressão. Assim nos ensinaram os Santos Padres”.
“Quando a Virgem respondeu livremente Sim àqueles desígnios que o Criador lhe revelava, o Verbo divino assumiu a natureza humana: a alma racional e o corpo formado no seio puríssimo de Maria. A natureza divina e a natureza humana uniam-se numa única Pessoa: Jesus Cristo, verdadeiro Deus e, desde então, verdadeiro Homem; Unigênito eterno do Pai e, a partir daquele momento, como Homem, filho verdadeiro de Maria. Por isso Nossa Senhora é Mãe do Verbo encarnado, da segunda pessoa da Santíssima Trindade que uniu a si para sempre –sem confusão- a natureza humana. Podemos dizer bem alto à Virgem Santa, como o melhor dos louvores, estas palavras que expressam a sua mais alta dignidade: Mãe de Deus” (São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 274).
“Concebendo Cristo, gerando-o, alimentando-o, apresentando-o ao Pai no templo, padecendo com seu Filho quando morria na Cruz, cooperou da forma inteiramente ímpar com a obra do Salvador mediante a obediência, a fé, a esperança e a ardente caridade, a fim de restaurar a vida sobrenatural das almas. Por isso Ela é nossa Mãe na ordem da graça” (LG,61).
Jesus deu-nos Maria como Mãe nossa no momento em que, pregado na Cruz, dirigiu à sua Mãe estas palavras: “Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe” (Jo 19,26-27). Desde aquele dia, toda a Igreja a tem por Mãe; e todos os homens a têm por Mãe. Todos entendemos como dirigidas a cada um de nós as palavras pronunciadas na Cruz.
Quando Cristo dá a sua Mãe por Mãe nossa, manifesta o amor aos seus até o fim. Quando a Virgem Maria aceita o Apóstolo João como seu filho, mostra o seu amor de Mãe para com todos os homens.
Hoje também é o Dia Mundial da Paz, dedicado ao tema: “Educar os jovens para a justiça e para a paz”.
Diz o Santo Padre Bento XVI: “O início de um NOVO ANO, dom de Deus à humanidade, induz-me a desejar a todos com grande confiança e estima, de modo especial que este tempo, que se abre diante de nós, fique marcado concretamente pela justiça e a paz.” Continua o Papa: “Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No Salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor “mais do que a sentinela pela aurora” (v. 6), aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação.” O Papa diz que queria revestir a Mensagem duma perspectiva educativa: “Educar os jovens para a justiça e a paz”, convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo.
Hoje, primeiro dia do ano, rezemos com salmista: Deus nos dê a sua graça e nos abençoes! Sim fomos abençoados. E se abençoados, somos chamados a sermos fonte de benção para nosso próximo. Que a saudação Feliz Ano Novo desperte em nós o propósito de comunicar a paz e a alegria a todos!