Homilia da festa da Assunção –
Pe. Lucimar
Maria que foi para casa do Pai, Senhora da Abadia. Senhora da Assunção, a mesma Maria o mesmo fim de todos nós.
A
oração inicial da Missa de hoje diz: “Deus eterno e todo-poderoso, que
elevastes à glória do céu em corpo e alma a imaculada Virgem Maria, Mãe
do vosso Filho, dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmos
da sua glória”.
A solenidade de hoje nos diz:
Deus elevou à glória do céu em corpo e alma a imaculada Virgem Maria! Ela, uma
simples criatura, ela, tão pequena, tão humilde, foi eleva a Deus, ao céu, à
plenitude em todo o seu ser, corpo e alma! Como isso é possível? Não é a morte o destino comum e
final de tudo quanto vive? Falam os pagãos, isso dizem os descrentes, os
sábios segundo o mundo, que se conformam com a morte… Mas, nós, nós sabemos que
não é assim! Nosso destino é a vida, nosso ponto final é a glória no coração de
Deus: glória no corpo, glória na alma, glória em tudo que somos! Foi isso que
Deus nos preparou – bendito seja ele para sempre!
Mas, como isso é possível? A Palavra de Deus de hoje nos vem
afirma, de modo admirável. Escutai, irmãos, escutai, irmãs, consolai-vos todos
vós: “Cristo ressuscitou dos mortos,
primícia dos que morreram. Em Cristo todos reviverão, cada qual segundo uma
ordem determinada; em primeiro lugar Cristo, como primícia!” Eis por que, eis como
ressuscitaremos: Cristo ressuscitou! Jesus de Nazaré, caríssimos, é o Senhor! O
nosso Jesus é Deus bendito e foi ressuscitado pela glória do Pai! O nosso
Senhor Jesus venceu e no faz participantes da sua vitória, dando-nos o seu
Espírito Santo! Credes nisso, meus caros? Neste mundo que só crê no que vê, que
só leva a sério o que toca, que só dá valor ao que cai no âmbito dos sentidos,
credes que Cristo está vivo e é Senhor, primícia, princípio de todos os que
morrem unidos a ele? Pois bem, escutai: o Cristo que ressuscitou, que venceu,
concedeu plenamente a sua vitória à sua Mãe, à Santíssima Virgem Maria, que
esteve sempre unida a ele. Ela, totalmente imaculada, nunca afastou-se do
filho: nem na longa espera do parto, nem na pobreza de Belém, nem na fuga para o
Egito, nem no período de exílio, nem na angústia de procura-lo no Templo, nem
nos anos obscuros de Nazaré, nem nos tempos dolorosos da pregação do Reino, nem
no desastre da cruz, nem na solidão do sepulcro no Sábado Santo… nem mesmo
após, nos dias da Igreja, quando discretamente, ela permanecia em oração com os
irmãos do Senhor… Sempre imaculada, sempre perfeitamente unida ao Senhor.
Assim, após a sua preciosa morte, ela foi elevada à glória do céu, isto é, à
glória de Cristo que ressuscitou e é primícia da nossa ressurreição!
A presente solenidade é, então, primeiramente, exaltação da
glória do Cristo: nele está a vida e a ressurreição; nele, a esperança de
libertação definitiva! Por isso, todo aquele que crê em Jesus e é batizado no
seu Espírito Santo no sacramento do Batismo, morrerá com Cristo e com Cristo
ressuscitará. Imediatamente após a morte, nossa alma será glorificada e
estaremos para sempre com o Senhor. Quanto ao nosso corpo, será destruído e, no
final dos tempos, quando Cristo nossa vida aparecer, será também ressuscitado
em glória e unido à nossa alma. Será assim com todos nós. Mas, não foi assim
com a Virgem Maria! Aquela que não
teve pecado também não foi tocada pela corrupção da morte! Imediatamente
após a sua passagem para Deus, ela foi ressuscitada, glorificada em corpo e
alma, foi elevada ao céu! Podemos, portanto, exclamar como Isabel: “Bendita
és tu entre as mulheres! Bendito é o fruto do teu ventre! Bem-aventurada aquela
que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu!”
Esta é, portanto, a festa de plenitude de Nossa Senhora, a sua
chegada a glória, no seu destino pleno de criatura. Nela aparece claro a obra
da salvação que Cristo realizou! Ela é
aquela Mulher vestida do sol, que é Cristo, pisando a instabilidade deste mundo,
representada pela lua inconstante, toda coroada de doze estrelas, número da
Israel e da Igreja! A leitura do Apocalipse mostra-nos tudo isso; mas, termina
afirmando: “Agora realizou-se a salvação,
a força e a realeza do nosso Deus e o poder do seu Cristo!” Eis: a plenitude da Virgem é
realização da obra de Cristo, da vitória de Cristo nela!
Caríssimos, quanto nos diz esta solenidade! A oração inicial,
citada no início desta homilia, pedia a Deus: “Dai-nos viver atentos às
coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória dai-nos viver atentos às
coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória”. Eis aqui
qual deve ser o nosso modo de viver: atentos às coisas do alto, onde
está Cristo, onde contemplamos a Virgem totalmente glorificada em Cristo. Caminhar
neste mundo sem no prendermos a ele. Aqui somos estrangeiros, aqui estamos de
passagem, aqui somos peregrinos; lá é que permaneceremos para sempre: nossa
pátria é o céu, onde está Cristo, nossa vida! O grande mal do mundo atual é
entreter-se com seu consumismo, com sua tecnologia, com seu bem-estar, com seu
divertimento excessivo e esquecer de
viver atento às coisas do alto. Mas, pior ainda, os cristãos também muitas
vezes são infectados por essa doença! Nós, que deveríamos ser as testemunhas do
mundo que há de vir, quantas vezes vivemos imersos, metidos somente nas
ocupações deste mundo – muitos até com o pretexto de que estão trabalhando
pelos irmãos e por uma sociedade melhor. Nada disso! Os pés devem estar na
terra, mas o coração deve estar sempre voltado para o alto! Não
esqueçamos: nosso destino
é o céu, participando da glória de Cristo, da qual a Virgem Maria já
participa plenamente! Aí, sim, poderemos cantar com ela e como ela: “A minha alma engrandece ao
Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador: o poderoso fez em mim
maravilhas!” Seja ele bendito agora e para sempre.
Nossa
Senhora da Abadia